quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Era um homem

com um problema crónico de ausência de sentido de oportunidade e, quiçá, algum distúrbio dentário. Há pessoas que têm o tique de enrolar o cabelo (normalmente mulheres, quando são homens é um pedaço estranho), roer as unhas, esfregar a barriga (este costuma ser exclusivo de adolescentes da espécie dread), etc. Este senhor tinha como hábito palitar os dentes. Em qualquer lado. Em qualquer altura. Ao pé de qualquer pessoa. E sem pôr a mão à frente, que diga-se de passagem não torna o acto muito menos estranho, mas vá. Costumava fazê-lo alegremente no seu escritório, usando para isso um clip de estimação. Era sempre o mesmo. Durante meses. O artefacto estava assim meio desenrolado, criando de um lado uma "orelha" e do outro a ponta tipo palito. E lá estava ele, a meio das conversas, entre palavras, escarafunchando qualquer coisa que era impossível continuar lá. E os seus interlocutores vislumbrando o fundo das suas goelas, sem saber muito bem para onde olhar.
Um dia o homem foi almoçar a um restaurante de petiscos, onde toda a comida é servida em palitos. Foi o delírio. Todas as pausas serviam para usar os ditos para escarafunchar mais um pouquinho. E lá se foram acumulando no prato, retorcidos e meio desfeitos. Uma refeição memorável.
Mais tarde surgiu a questão de porquê um clip, questão que ficou amplamente respondida quando se pôde visualizar o homem a "inverter" o objecto e usando a sua parte redonda para retirar o cerúmen que lhe obstruía as orelhas. Depois de terminar voltou ao palitar. Só mais um pedacinho, tinha lá ficado qualquer coisa.

4 comentários:

Anónimo disse...

No tempo em que a minha pessoa frequentava a missa dominical antes de me chatear com os bispos e reitores e essa m... toda cheguei a ver alguns tipos que aproveitavam aqueles 60 minutos para colocarem em dia toda a higiene corporal. Havia um sujeito que talvez por sair de casa à pressa para não perder o lugar cativo na homilia, não tinha tempo de se escofenar convenientemente e aproveitava para aviar o serviço em pleno sermão de São Paulo aos Filisteus. Começava pelo cabelo sacudindo pelos ombros abaixo os restos de caspa que sobraram da limpeza da semana anterior, depois ocupa-se da remela indesejável, dava uma passagem ligeira pela fossa nasal com mais poder de actuação na fossa esquerda, fazia testes ao hálito e no fim ainda ajeitava os fundilhos das calças que teimosamente teimavam em engelhar-se no rego cavernoso. Não esquecendo a ponta do sapatinho a ser limpa contra as calças da perna contrária. Era um delirio para todos acompanhar a par e passo as diferentes etapas de auto-limpeza e refrigeração daquele individuo. Este post fez-me lembrar esses velhos tempos em que ir à missa era divertido e instrutivo.

XS disse...

LOOOL! Que nojo!!!!!!!!!!!!!!!!

Castanha Pilada disse...

Bolas, que história tétrica!!!

cexy disse...

Fermelanidades: que sorte pá. A "minha" missa era uma seca e eu só conseguia bocejar o tempo todo

XS: agora imagina ao vivo

Castanha:se ao menos se fosse só uma história...imagina os pesadelos ;)

besossss