quinta-feira, 24 de julho de 2008

Uma tarde na praia - parte II

Eis que voltei à praia, local mais do que aprazivel ao meu espírito, hum, observador. Também aqui pude observar as modas e minorias do nosso Portugal:

O campónio, que vem de uma das Beiras e alugou uma roulotte ali no parque de campismo da costa da caparica. Este espécime trás toda a família, velhinhos incluidos, 2 chapéus de sol e um pára-vento. Quando chegam montam um autêntico acampamento, com lençóis a unir os chapéus de um lado e o pára vento do outro- fica a chamada tenda. Sacam das cadeiras- aquilo é gente que não está habiuada a deitar na areia, e estacionam os velhos- esta parte fica despachada porque os coitados passam lá a tarde já que ninguém se lembra de os tirar de lá. Escondem o garrafão de vinho tinto à sombra e passados 2 minutos já estão a comer pão e a assar chouriços. Só as crianças é que se despem e o resto vai ao banho vestido- "só para molhar as pernas,qu'o sôtor disse qué bom prás varizes".

O beto: cá está um tipo frequentador assíduo de praia - o culto do bronze é generalizado por toda a espécie. O beto leva vários óculos de sol e passa 10 minutos a ver-se no reflexo da janela do carro para perceber qual o mais apropriado. Tem frequentemente algum tipo de prancha, porque lá está, é cool, embora não saibam fazer qualquer tipo de actividade e as pranchas geralmente sirvam de almofada. Os calções querem-se bastante compridos- é p'ro cenário- embora tal implique que da cintura para baixo só queimem os tornozelos.O sexo feminino, pelo contrário, usa bikinis reduzidíssimos- que "a tia trouxe do Brasil, sei láá", enchem-se de pulseiras daquelas com conchas que lhes chegam aos cotovelos e colares tão apertados que devem cortar a circulação(- se calhar está aqui uma das razões para serem tão, cof cof, loiras.)

Por último temos o dread ( o meu favorito): O dread tenta a todo o custo manter o seu estilo, que ele acha cool. Como tal não esquece o seu boné com pála inclinada, o terço de plástico ao peito, os brincos imitação de diamante ( não sei como não andam de cara à banda- aquilo tem mais vidro do que as minhas janelas!!) e, o mais importante de tudo, o calção descaído no rabo. Tão tão descaído que a cintura fica ali quase a roçar no joelho. E agora pergunta o caro leitor :"então e a nalga não fica toda ao léu?" Ora claro que não, já que o dread vai para a praia com cuecas por baixo do calção de banho. Aquela cueca chunga de algodão surrado com o cós a dizer "Empiriu Armino" -imitação adquirida claramente na feira de Carcavelos.

E assim fica o retrato do nosso Portugal balnear...

2 comentários:

Kruzes Kanhoto disse...

E que dizer da malta do norte em Quarteira?!
- A iágua está buoa car....?!
- Fou...-se!! Tá muita boua car....!

Anónimo disse...

Genial